sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

" Trancados no Próprio Mundo "

Oi Pessoal,

Bom, resolvi postar um trecho desta reportagem da ISTO É gente que eu achei interessante. Fala sobre os métodos utilizados para o tratamento de crianças e adultos autistas, alguns não tão eficientes como deveriam ser. Volto a tocar na mesma "tecla" de que hoje o profissional tem que se especializar, gostar do que faz, saber olhar a criança e suas necessidades, ou seja, não simplesmente levantar o diagnóstico, aplicar o método e pronto todos felizes. Não! não é assim que funciona com autistas, cada um tem sua maneira de ser, agir, pensar, e o profissional tem que realizar o tratamento a partir destas necessidades da criança, trabalhar em cima disso e junto com a criança desenvolver uma maneira de ela aprender e assimilar a informação que lhe é transmitida. O diagnóstico é feito em cima da observação do comportamento da criança e isso pode levar algum tempo, pois algumas vezes eles se sentem invadidos no seu mundo e demoram a compartilhar o que sentem, com medo, receio, por isso é importante estabelecer este vínculo a confiança do autista com o profissional, para que juntos possam chegar a uma solução.
Mostra o trabalho da Ana Maria Mello, fundadora do AMA - SP, a difícil caminhada dela até o diagnóstico de autismo do filho caçula, hoje com 23 anos e os problemas que enfrentou e enfrenta até hoje, e do preconceito e da falta de interesse das autoridades e orgãos públicos, e as dificuldades em torno de sua educação.
Também postei um trecho de uma reportagem do apresentador Jô Soares falando de seu filho Autista, o nome dele é Rafael e Jô faz uma comparação dele com o personagem de Dustin Hoffman no filme RAIN MAIN.

" Não basta ter conhecimento, saiba a aplicabilidade deste conhecimento..."


Vale a pena ler a reportagem na íntegra.

Especial: Trancados no próprio mundo
continuação


Ana Maria Mello, a mulher que fundou a primeira Associação de Amigos do Autista, a AMA São Paulo, sabe que o problema do autismo no Brasil é muito maior do que o que aconteceu em Ribeirão Preto. O problema chama-se desamparo. "Eles não estavam preparados para lidar com autistas em algumas circunstâncias e para ajudar tentaram algo inadequado. Isso acontece", defende ela, que é mãe de Guilherme, 23, o caçula de seus quatro filhos. "Vamos conversar com as autoridades e eles fingem que você não existe. E, quando tem um problema, cai todo mundo matando em cima." Engenheira naval, ela abandonou o emprego para se dedicar ao filho. Hoje a AMA-SP tem 85 alunos. "Quando Guilherme tinha 15 dias as pessoas diziam que seu olhar era estranho. Também percebia", conta. O diagnóstico veio quando ele tinha três anos. "Perguntei para o médico: E agora, o que eu faço?" O médico lhe disse que no Brasil não havia associação de autistas, mas a chamou para uma reunião com outros pais. A AMA-SP, que já foi premiada pela Unesco, foi criada 19 anos atrás por um grupo que se organizou a partir dessa primeira reunião. Hoje, mesmo com dificuldades de verbas, seus profissionais freqüentam congressos internacionais, estão atualizados e qualificados para lidar com o problema. "São 19 anos de muito sofrimento", diz.

A nome AMA foi emprestado às outras, mas elas não têm vínculo formal entre si. O lema é: cada um faz o que pode, sem amparo da saúde pública. "O autismo é muito desconhecido. É deficiência ou doença? Por esse desconhecimento, não há política clara de atendimento", admite Niuzarete Margarida de Lima, coordenadora da Corde (Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência).

O diagnóstico do autismo é pela observação do comportamento da criança. Acredita-se que a explosão dos casos nos Estados Unidos seja resultado da atenção maior aos sintomas iniciais e ao diagnóstico mais apurado. Há estudos americanos com dados demográficos que sugerem que a vacina tríplice poderia estar relacionada ao desenvolvimento do autismo. "Não há nenhuma evidência médica ou sequer uma hipótese razoável. São dados demográficos baseados em correlações", rechaça a psicóloga Meca Andrade, do centro de Massachusetts. A hipótese mais aceita é de que o autismo é uma condição de base neurológica provavelmente causada por fatores genéticos. Enquanto a medicina não tem respostas, famílias constróem sozinhas um caminho que dê mais qualidade de vida ao mundo dos filhos.


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Jô Soares

“Eu tenho um filho autista”

"Ele já é adulto. Toca piano, compõe, lê música, mas para abotoar uma camisa é uma loucura. O autismo começou a se manifestar muito cedo e de forma estranhíssima. Por exemplo, ele aprendeu a ler comigo quando tinha 4 anos e de repente ele lia de cabeça para baixo, não precisava virar o livro... É um gênio que sinceramente eu queria que não fosse, porque o autista tem total incapacidade de se relacionar com o mundo. Você tem que mergulhar no mundo deles. Há incapacidade de se comunicar com o mundo real e de produzir. Você não pode colocar para trabalhar ou fazer alguma outra coisa. Eu conheço bem o que é o problema, sobretudo na época em que eu tive o Rafa. Foi difícil identificar o autismo, uma loucura, ninguém sabia direito o que ele tinha. O Rafinha é muito parecido com o personagem que o Dustin Hoffman interpreta no filme
Rain Man."




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